Fisioterapia e o Transtorno do Espectro Autista
Os sintomas variam de um indivíduo para o outro. Entre as características do autismo pode existir fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares. Frequentemente a percepção da existência dos outros pelo indivíduo encontra-se bastante comprometida. Quanto à comunicação, pode haver atraso ou ausência total de desenvolvimento da fala. Em indivíduos que chegam a falar, pode existir um acentuado comprometimento da capacidade de iniciar ou manter uma conversação, com uso estereotipado e repetido da linguagem. O comportamento, os interesses e as atividades dos indivíduos com autismo geralmente são restritos. Os indivíduos podem insistir na mesmice e manifestar resistência ou sofrimento frente a mudanças banais. Os movimentos estereotipados envolvem as mãos (bater palmas, estalar os dedos) ou todo o corpo (balançar-se, inclinar-se ou oscilar o corpo). Anormalidades de postura também podem estar presentes, como caminhar na ponta de pés.
Para que o tratamento seja adequado, é necessário haver uma equipe multidisciplinar envolvendo: psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, educador físico e o fisioterapeuta. Esses profissionais devem trabalhar diferentes habilidades como cognitiva, social e linguagem; redução da rigidez e das estereotipias, eliminação do comportamento mal adaptativo e diminuição do estresse em família. Métodos eficazes para o tratamento do autismo são descritos na literatura e utilizam a criatividade e comunicação por meio de jogos de sinais, e até dispositivos projetados para crianças autistas, além de materiais visuais para melhora da linguagem
A atuação fisioterapêutica voltada para crianças com TEA contribui para o seu desenvolvimento motor, para ativação das áreas de concentração, para a interação social e para a comunicação. Para tanto, atividades lúdicas que envolvam habilidades para o desenvolvimento motor, devem estar presentes no programa de atendimento. Tais habilidades auxiliam na modulação do tônus muscular, no fortalecimento da musculatura de tronco e membros, na dissociação de cinturas pélvica e escapular, no equilíbrio, na propriocepção, na acurácia da coordenação motora fina e grossa, além de estímulos dos aspectos cognitivos necessários para a execução das atividades propostas. É necessário o treino de habilidades motoras como o rolar, sentar, deambular com e sem obstáculos, subir e descer escadas, sempre respeitando as limitações físicas e emocionais do paciente
Em uma proposta de programa de intervenção fisioterapêutica destinado à criança com TEA, o uso da estimulação sensorial deve ser parte integrante do atendimento, a fim de também instigar aspectos psicológicos adaptativos, a partir da integração entre pacienteterapeuta e paciente-meio. Estimulação do tipo visual pode ser feita a partir de cartões com figuras e letras do alfabeto, e com o uso de luminárias coloridas; a estimulação auditiva pode ser feita com brinquedos sonoros; e a estimulação tátil com objetos de diferentes tamanhos e texturas.
É necessário que o profissional da área da Fisioterapia compreenda que além de desordens motoras, que atrapalham o esquema corporal, as crianças com Transtorno do Espectro Autista apresentam comprometimento da interação social, comunicação e de comportamento, aspectos estes que tornam o tratamento de complexidade elevada.
No acompanhamento fisioterapêutico deve conter práticas de experimentação sensório-motora, a fim de promover a integração não só com as pessoas e o meio onde está inserido, mas também consigo mesmo, com o intuito de estimular o desenvolvimento neuropsicomotor e melhorar a relação familiar, promovendo desta forma uma melhor qualidade de vida.
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