Avaliação Neuromotora no primeiro ano de vida
Alguns parâmetros motores são considerados essenciais para a triagem do desenvolvimento neuropsicomotor no primeiro ano de vida:
- Atividade reflexa primitiva.
- Flexão no período neonatal.
- Reações de equilíbrio.
- Reações de retificação.
- Simetria corporal.
- Transferência de peso corporal.
São eles pré-requisitos motores, que evoluem do início da vida ao longo do primeiro ano, para a aquisição gradativa de habilidades não somente motoras, mas também secundariamente de outras funções.
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Reciprocamente, o desenvolvimento das demais funções (cognitiva, psicoafetiva, visual) influi também grandemente na evolução motora. Isso porque os movimentos intencionais dependem de planejamento prévio, executado com participação de várias estruturas cerebrais, dentre essas, a córtex pré-frontal e a área motora cingulada (com conexão com o sistema límbico), que conferem respectivamente os componentes cognitivo e psicoafetivo, que permeiam em geral os atos motores.
Esse fato explica porque uma deficiência intelectual e/ou um distúrbio psicoafetivo pode afetar o desenvolvimento motor, com consequente atraso no alcance dos marcos motores e/ou comprometimento da qualidade dos atos motores.
É fundamental no desenvolvimento que a avaliação seja feita de forma global, por meio do exame das funções: cognitiva, psicoafetiva, social (interação com pessoas), visual, auditiva, linguagem, além da motora, mesmo que haja evidência de distúrbio motor.
Vale enfatizar que um atraso e/ou um distúrbio motor em criança pode ser decorrente não somente de lesões neurais nas vias motoras, mas também por deficiência visual, cognitiva ou distúrbio psicoafetivo e vice-versa.
Resumidamente, um déficit motor, dependendo da intensidade, pode levar a uma deficiência cognitiva e/ou distúrbio psíquico secundário.
Pela observação dos comportamentos da criança, é possível a avaliação das funções citadas e não apenas da sua competência motora. Essa avaliação deve ser feita com a criança em várias posturas: supino, prono, decúbito lateral, de deitado puxado para sentar, sentado e de pé.
Nos primeiros meses, é muito útil o uso da postura, denominada supino a 45 graus, apoiando-se a criança com o dorso sobre os antebraços do examinador, em inclinação aproximada de 45 graus e a cabeça acomodada sobre as suas mãos em concha. Essa postura permite não somente avaliar se o lactente vê ou ouve, mas também o "diálogo" examinador-lactente, que fornece muitas informações sobre as outras funções cognitiva, psicoafetiva e de linguagem, além da motora, através de suas manifestações de atenção, interesse, contato visual, interação, sorriso e/ou emissão de sons, vocalizações.
O oferecimento de brinquedos, permitindo não somente verificar a preensão destes, mas também a análise da reação perante os brinquedos (atenção, interesse, alcançar e apanhar, levar à boca, exploração, etc.), facilita a observação das manifestações de todas as funções mencionadas.
Recomenda-se que a avaliação do desenvolvimento seja realizada no tatame e não sobre a mesa de exame. No tatame, sem risco de quedas, a criança se sentirá menos controlada e livre para realizar as trocas posturais e os deslocamentos espontaneamente.
Idades-chaves e aquisições relevantes em nascidos a termo
Período Neonatal
– Postura em flexão
– Em prono: eleva a cabeça momentaneamente
– Contato visual/fixação visual (de forma mais evidente no final do período)
– Reage a sons
3 meses
– Controle de cabeça (ausência aos 4 meses: sinal de alerta)
– Simetria corporal
– Transferência do peso corporal
– Junção das 2 mãos na linha média
– Sorriso social (início, em geral, com 2 meses)
– Vocalização e gritos
6 meses
– Permanece sentado, quando colocado (ausência aos 7 meses: sinal de alerta)
– Rola
– Alcança e segura objetos ora com uma mão, ora com a outra (uso sempre de uma única e
da mesma mão: sinal de alerta)
– Localiza sons dirigindo o olhar em direção à fonte sonora
– Balbucio
9 meses
– De sentado passa para a postura de pé
– Engatinha
– Permanece de pé, com apoio
– Duplicidade de sílabas no balbucio
12 meses
– Anda
– Primeiras palavras
A maior parte da avaliação do desenvolvimento se baseia mais em observações de comportamentos espontâneos da criança, do que em manuseios. Assim sendo, ela deve ser realizada em todos os momentos em que a própria criança oferece oportunidade para tal.
Por isso mesmo, a avaliação pode ser feita no decorrer da consulta, seja no início, durante a anamnese (colocando-se, por exemplo, um brinquedo sobre a mesa, ao alcance da criança se maior de 6 meses de idade), ou no momento do exame físico, ou até mesmo no final da consulta. Não há, assim, necessidade de haver sequência rígida, preestabelecida, para os vários itens do exame.
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