Avaliação Neuro-Funcional Infantil
Atualmente existem muitos métodos de avaliação, desde escalas de avaliação específicas para o tipo de população aplicada, observação, confiabilidade, pontuação, até protocolos de avaliação que variam conforme a patologia em questão. Optou-se por discutir neste capítulo, a Avaliação Neurofuncional na Infância e a Avaliação Neuromotora do Lactente, que são descritas com maior freqüência na literatura.
Há alguns anos atrás, a avaliação do terapeuta se confundia com a do neurologista e por esse motivo não fornecia todos os dados que deveriam nortear o planejamento terapêutico. A partir da evolução das teorias neurofisiológicas e especialmente das teorias sobre controle motor, a abordagem terapêutica tomou novos rumos e como conseqüência, o processo de avaliação passou a ter um outro enfoque (SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 2003).
As propostas terapêuticas aplicadas até a década de 90 eram vistas como uma seqüência de exercícios de difícil aplicabilidade nas atividades de vida diária (AVDs), não contribuindo desta maneira, para o processo de aprendizagem e memória (BLY,1996).
Atualmente, o paciente é abordado sob o aspecto funcional, e para isso, considera-se além da plasticidade do sistema nervoso, a plasticidade do sistema músculo esquelético, os sistemas sensoriais e de autoregulação, a motivação e o ambiente (COHEN, 2001).
Devido a essa nova proposta terapêutica, houve a necessidade de reformular o processo de avaliação para que pudesse oferecer os subsídios necessários para a abordagem funcional.
A partir desse momento, passou-se a denominar a avaliação fisioterapêutica de Avaliação Neurofuncional, que aborda as manifestações sensório-motoras e cognitivas como conseqüência de um evento neurológico, interferindo na realização das tarefas
funcionais. Nesse contexto é possível afirmar que a atuação do fisioterapeuta que trabalha com pacientes neurológicos deve ser focada nas manifestações e seqüelas neurofuncionais, e não apenas na doença neurológica. Através da análise de tarefas motoras funcionais é possível identificar os problemas que estão interferindo na sua realização, como por exemplo, a diminuição da força e mobilidade, o aumento de tônus e a falta de graduação de movimento. A partir disso, deve-se elaborar um programa terapêutico voltado para as reais necessidades do paciente (DAUT, 2003).
A Avaliação Neurofuncional destina-se à coleta de dados necessários para auxiliar o diagnóstico e estabelecer as hipóteses disfuncionais, baseados na integração dos sistemas motores, somatossensitivo e cognitivo, incluindo aspectos emocionais (UMPHRED, 1994). Além disso, pode revelar a evolução maturacional do sistema nervoso, indicar possíveis regressões ou estacionamento do desenvolvimento neuro-psico-motor, avaliar o comportamento e a capacidade de interação do indivíduo com o meio ambiente (LEFÈVRE, 1990).
A anamnese em neurologia infantil é fundamental para a elaboração do diagnóstico disfuncional, objetivo e conduta de tratamento.
Na Avaliação Neurofuncional, a anamnese é importante para conhecer a rotina da criança e da família, conhecer como se deu o seu desenvolvimento, identificar o nível de dependência, os fatores que podem interferir no tratamento e as barreiras sociais que podem limitar a conduta terapêutica (RATLIFE, 2000). Porém, as informações colhidas na anamnese podem ser incompletas e, portanto não confiáveis. Isso ocorre devido ao envolvimento de fatores emocionais e sócio-culturais da família, que conseqüentemente
omite ou torna irrelevantes as informações que seriam essenciais (LEFÈVRE, 1990).
Antes de iniciar a anamnese propriamente dita, deve-se sugerir uma brincadeira à criança, geralmente no chão, para oferecer maior liberdade de movimento. Nesse momento, o terapeuta deve observar o movimento espontâneo da criança, as habilidades, as dificuldades, o conhecimento das cores, formas, tamanhos e espaço (UMPHRED,1994). No caso de um paciente grave, solicitamos que a mãe ou cuidador, fique com a criança no colo, possibilitando que ela realize alguma atividade de acordo com a sua capacidade. Observaremos então, a interação dos pais com a criança e se existe uma dependência emocional da criança em relação aos pais e vice-versa.
Esses itens são observados durante toda anamnese, na presença dos pais. Assim, a criança tem mais tempo para adaptar-se ao novo ambiente e mostrará um comportamento mais próximo da sua realidade (LEVITT, 2001).
Uma anamnese bem feita nos conduzirá a conclusões corretas e ajudará na elaboração dos objetivos e programa de tratamento satisfatório. Além disso, através da anamnese, vamos prever o que podemos esperar em termos de colaboração da família, já que a interação dos pais ou cuidadores é essencial para o processamento da aprendizagem e memória, uma vez que favorece a aplicação das orientações terapêuticas nas atividades de vida diária (AVDs), contribuindo conseqüentemente para o processo de inclusão social, além de esclarecer qual é o potencial e as dificuldades da criança devido à patologia de base (COHEN,2001).
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