Treino bilateral versus unilateral melhorando a neuroplasticidade
Na grande maioria dos tratamentos com pacientes neurológicos, as intervenções restringem-se a recuperação somente do membro afetado, pórem através de novos estudos como os de Bracewell77, Cauraugh et al.88, Luft et al.89, Whitall et al.90, entre outros, observa-se que o treino bilateral, incluindo o membro não lesado, pode trazer maiores benefícios para os indivíduos do que o treino unilateral.
O planejamento e execução de movimentos bilaterais podem facilitar a plasticidade neural, e isso pode ocorrer por três mecanismos: (a) desinibição do córtex que permite maior uso das vias poupadas no hemisfério danificado; (b) aumento do recrutamento de vias ipsilaterais para suplementar as vias cruzadas danificadas do hemisfério contralateral e (c) aumento da regulação dos comandos descendentes.
Há evidências que alterações anatômicas são dependentes do maior uso do membro não prejudicado. Se esse membro for imobilizado durante o período de maior desenvolvimento dendrítico (0-15 dias pós lesão) a arborização dendrítica não aconte
Alguns autores através dos resultados de seus trabalhos demonstram que o membro superior prejudicado tem uma melhor performance quando treinado em ações bimanuais do que quando utilizado sozinho. Mesmo porque a maioria das ações do dia a dia são bimanuais, há um extenso "maquinário neural" que envolve a coordenação bimanual de uma ação, por isso deve-se pensar antes de escolher o retreinamento do membro lesado.
Summers et al., em um estudo com pacientes que sofreram AVC, realizarm um tratamento que envolvia tarefas funcionais como agarrar, levantar objetos, e comparou o treino bilateral com o unilateral. Os resultados encontrados foram que os indivíduos que receberam treino bilateral tiveram redução no tempo de movimento do membro lesado, aumento da habilidade funcional e diminuição do volume do mapa do músculo alvo no hemisfério não afetado comparados com os que receberam o treino unilateral. Portanto a prática bilateral pode promover melhor recuperação da função.
O papel do hemisfério intacto na recuperação
As alterações contralaterais a lesão tem impacto na neuroplasticidade e são observadas depois de lesão unilateral no córtex de humanos e animais. Essas alterações no hemisféro intacto, como estimulação do crescimento axonal e a reinervação de regiões desnervadas no cérebro e na medula espinhal, além da expansão dos mapas corticais, podem influenciar a recuperação funcional e são responsáveis por bons resultados em pacientes neurológicos.
Alguns estudos confirmam que o desenvolvimento das alterações morfológicas como aumento do volume dendrítico no córtex motor contralateral acontece 18 dias pós lesão e o aumento do número de sinapses por neurônios 30 dias depois da lesão.
O hemisfério contralesional parece se beneficiar também com o enriquecimento motor por habilidades específicas ou movimentos voluntários. O prejuízo da função motora, geralmente contralateral, em algum tempo, provoca o uso compensatório do lado intacto.Em um estudo que observou 8 pacientes com boa recuperação do AVC todos tinham aumento da extensão ventral do campo da mão no córtex contralateral a lesão, tinham também grande ativação de áreas motoras suplementares, demonstrando que a plasticidade contralateral é melhor que a ipisilateral produzindo melhor recuperação.
Considerações importantes para uma melhor recuperação
Após lesão encefálica, tanto a intensidade do tratamento, como o intervalo de tempo entre a lesão e o início da reabilitação influenciam a recuperação da função nervosa.
É necessária precaução para começar os tratamentos, pois o uso excessivo antecipado (1-7 dias depois da lesão) no membro prejudicado causa exacerbação da lesão e piora dos resultados comportamentais. Estudos que comprovam essa teoria observaram que animais submetidos a uso forçado precoce do membro apresentaram colocação errônea do mesmo, respostas diminuídas à estimulação sensorial e uso defeituoso da pata para suporte postural. Ainda mais, o córtex desses animais apresentou grande aumento da lesão e ausência de crescimento dendrítico e de brotamento.
As diferenças individuais, como fatores genéticos, experiências pessoais em tarefas particulares, também devem ser relevantes durante o tratamento, pois interferem nos efeitos da prática. Diferentes modelos de ativação são observados em indivíduos com maior ou menor nível de familiariade com respectiva tarefa ou estímulo utilizado.
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