Nevralgia
As nevralgias costumam ser provocadas por uma produção anómala de impulsos num nervo sensitivo que tenha a missão de transmitir sensações dolorosas ao sistema nervoso central, sem que os seus receptores específicos tenham sido estimulados. Isso faz com que o cérebro elabore uma sensação de dor que é erradamente interpretada como proveniente da área corporal inervada pelo nervo em questão, quando de facto não existe qualquer tipo de doença na zona. Esta anomalia pode ser originada por várias situações. De fato, uma nevralgia pode, por exemplo, ser provocada pela compressão de um nervo sensitivo em algum ponto do seu trajeto, como acontece em inúmeros casos de hérnia discal, no qual um disco intervertebral da zona lombar, ao ser afetado por uma hérnia, comprime o nervo ciático, provocando o aparecimento de dor no trajeto do mesmo pelo membro inferior.
A nevralgia também pode ser provocada pela inflamação de um nervo sensitivo, como acontece com muita frequência em caso de herpes zóster, uma infecção viral que costuma afectar os nervos intercostais e provocar o aparecimento de dor na zona que os mesmos inervam, normalmente numa das metades do tórax. Por fim, existem vários problemas que podem provocar a irritação de um nervo e a consequente nevralgia: tumores, feridas e traumatismos, infecções ou intoxicações. Como a doença se pode manifestar sem que se tenha detetado qualquer lesão anatômica do nervo e sem que se conheça a causa, estes casos costumam ser designados nevralgia essencial, sendo a mais comum a nevralgia do trigémeo.
Manifestações
A manifestação típica das nevralgias é uma dor, de intensidade e características variáveis, na zona correspondente à inervação do nervo em questão. Embora a dor tenha tendência para se apresentar bruscamente e, na maioria das vezes, de forma constante e pouco evidente, também pode ser pulsátil e manifestar-se através de acessos que podem durar entre poucos minutos a várias horas ou dias. A dor também pode ser, com alguma frequência, desencadeada quando são pressionados alguns pontos do trajeto do nervo, conhecidos como "zonas precursoras". Em alguns casos, a dor na zona afetada pode ser acompanhada por outros sinais e sintomas, como suores, vermelhidão ou palidez da pele e, ocasionalmente, tremor muscular involuntário. A duração da doença é muito variável, pois tanto pode durar alguns dias nas nevralgias essenciais, que não costumam ser acompanhadas por lesões anatômicas, como vários meses nas nevralgias secundárias a outros processos, que muitas vezes não são solucionadas até que a causa das mesmas seja corrigida. A localização da dor, as manifestações associadas à mesma e a sua evolução dependem do nervo afectado e da causa do problema. Entre as nevralgias secundárias, a mais frequente é a ciática, que costuma ser provocada por uma hérnia discal na zona posterior da coluna, o que originando dor ao longo de toda a zona inervada pelo nervo em questão: nádega, coxa, perna e pé. As nevralgias cervicobraquiais, provocadas por uma compressão das raízes nervosas cervicais que dão origem aos nervos do membro superior, são igualmente comuns e manifestam-se através de uma dor na parte posterior do pescoço, do ombro e do braço do lado afectado, por vezes até à mão. A nevralgia intercostal produzida pelo herpes zóster é igualmente frequente, manifestando-se através de uma dor numa área que abrange a coluna e a zona anterior do tronco, acompanhando o percurso no nervo afetado. Entre as nevralgias essenciais, a mais frequente é a do trigemeo, que dada a sua gravidade merece um especial destaque num quadro presente nesta página. Outra nevralgia essencial igualmente típica, apesar de menos comum, é a nevralgia do glossofaríngeo (par craniano IX) - embora se desconheça a origem, caracteriza-se por uma crise de dor intensa situada na zona posterior da língua que se alastra até à garganta e à área do ouvido.
Tratamento
Quando o problema corresponde a uma nevralgia secundária a outro processo, o tratamento passa por tentar curar o fator causador através dos meios específicos de acordo com o caso. Em alguns casos, pode-se recorrer à cirurgia, liberando o nervo comprimido, igual ao caso da hérnia discal para se solucionar uma ciática. Após a realização da intervenção cirúrgica, é recomendado o repouso e a administração de medicamentos analgésicos para combater a dor.
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