Bobath em crianças com Paralisia Cerebral



A reabilitação da criança com paralisia cerebral é baseada em otimizar o seu potencial funcional e prevenir complicações secundárias, como encurtamentos e deformidades.

O conceito Bobath tem como objetivo melhorar os movimentos e funções com a maior qualidade possível, por meio de manuseios e facilitações que influenciam na adequação do tônus e no controle postural da criança.

O planejamento terapêutico baseado no conceito Bobath é definido a partir de uma avaliação minuciosa que inclui não só seus componentes sensoriais e motores, mas considera também o seu desejo, expectativas e as preocupações da família.

Essa avaliação nada mais é do que uma análise observacional detalhada da sequência de movimentos durante o desempenho de uma tarefa escolhida pela criança ou família, permitindo ao avaliador determinar como o movimento difere do comportamento motor típico, incluindo também a análise das compensações utilizadas.

O raciocínio clínico vai indicar os sistemas comprometidos na execução desta tarefa, e determinam-se as estratégias terapêuticas, sempre levando em consideração o potencial do paciente para uma recuperação funcional positiva, sustentada pelo princípio da plasticidade neuromuscular e do aprendizado motor, não deixando de reconhecer a limitação trazida pelo déficit neurológico. Lembrando sempre que o movimento funcional depende da tarefa escolhida, e sofre interferências do ambiente e de fatores pessoais.

Esquema da relação e influência dos diferentes sistemas sobre o movimento funcional.

 Interrelação tarefa, indivíduo e ambiente sobre o movimento funcional.

As reavaliações são periódicas para estabelecimento de novas metas terapêuticas e readequação de objetivos

As terapias também costumam ter componente lúdico para adequar ao universo infantil e ir ao encontro dos interesses da criança, afinal, a atividade principal da criança é brincar. É por meio da brincadeira que a criança aprende e se desenvolve e as alterações causadas pela paralisia cerebral podem comprometer o seu potencial de explorar o meio e os brinquedos.

O tratamento tem característica interdisciplinar e centrado no paciente, sendo comum terapias conjuntas com diferentes especialidades (exemplo: terapia conjunta de fisioterapia e terapia ocupacional para otimizar o treino motor e funcional em uma determinada atividade como vestir-se, por exemplo).

O objetivo final é que a criança seja capaz de transportar para o dia a dia os ganhos adquiridos nas sessões de terapia.

A família e a rede de cuidadores da criança são parceiros durante todo o tratamento e o seu envolvimento e participação são fundamentais. É para eles que são direcionadas as orientações para continuidade do cuidado em casa.



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