Saiba mais sobre a lesão na Medula Espinhal









A lesão medular traumática, ou traumatismo raquimedular – TRM (coluna vertebral e medula espinhal), é uma lesão frequente que resulta em uma síndrome neurológica altamente incapacitante que compromete as principais funções motoras, autonômicas e reflexas levando a inabilidade permanente. A causa mais frequente é o traumatismo, mas também pode ser resultante de tumores, infecção, lesão vascular ou iatrogenicamente. A lesão medular afeta física e psicologicamente não apenas o indivíduo acometido, como também sua família e a sociedade.


A localização anatômica mais comum de lesão medular, na região cervical, está associada também ao maior índice de complicações, seqüelas e mortalidade em relação aos demais segmentos cervicais.

Uma vez que o trauma medular acontece, uma sequência de eventos fisiopatológicos ocorre gerando danos neurológicos. Esses danos são resultados de dois eventos distintos: a lesão mecânica primária e a lesão endógena secundária.



Lesão primária

A lesão mecânica primária é o resultado direto do impacto somado à compressão da medula espinhal que resulta em dano axonal. Essa lesão pode ocorrer por fraturas de deslocamento que resultam em fragmentos ósseos que comprimem a medula por uma hiperextensão e/ou cisalhamento da medula espinhal e/ou do seu suprimento sanguíneo. A lesão mecânica primária ainda pode ser resultado de uma transecção ou laceração da medula espinhal por deslocamento severo ou feridas penetrantes, levando à secção parcial ou total da medula.

Lesão secundária

Após o trauma inicial, inicia-se um processo endógeno chamado de lesão endógena secundária. O processo foi descrito pela primeira vez por Alfred R. Allen, em 1911. Esse processo ocorre como resultado da ruptura tecidual com uma hemorragia na substância cinzenta e, por conseguinte, acontece um aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica, apoptose glial e neuronal, além de uma complexa resposta neuroinflamatória que persiste por meses ou anos após o trauma inicial

Confira os principais sintomas de acordo com o local da lesão:

Lesões cervicais (pescoço)

Quando as lesões da medula espinhal ocorrem na área do pescoço, em que são classificadas como lesões cervicais, os sintomas podem atingir principalmente os braços, as pernas e a parte central do corpo. Os sintomas podem aparecer em um ou em ambos os lados do corpo e costumam incluir:

  • Dificuldades respiratórias em decorrência da paralisia dos músculos respiratórios, (principalmente quando a lesão ocorre na parte superior do pescoço)

Lesões torácicas (tórax)

Quando a lesão ocorre na altura do tórax, os sintomas atingem principalmente as pernas. Lesões na medula cervical ou na medula torácica superior também podem resultar em problemas de pressão arterial, sudorese anormal e problemas para manter a temperatura corporal normal.

Lesões lombossacrais (parte inferior das costas)

Quando as lesões na medula espinhal ocorrem na parte inferior das costas, sintomas de vários níveis podem afetar uma ou ambas as pernas e podem afetar, também, os músculos que controlam os intestinos e a bexiga.

Uma lesão na medula espinhal pode evoluir para diversas complicações. Confira:

  • Alterações na pressão arterial que podem ser extremas (como hiperreflexia autonômica)
  • Insuficiência renal crônica
  • Trombose
  • Infecções pulmonares
  • Lesões na pele
  • Contraturas
  • Risco elevado de lesões em áreas dormentes do corpo
  • Risco elevado de infecções do trato urinário
  • Incontinência urinária
  • Perda de sensações
  • Perda do funcionamento sexual (impotência masculina)
  • Espasticidade muscular
  • Dor
  • Paralisia dos músculos respiratórios
  • Paralisia (paraplegia, tetraplegia – dependendo do local onde houve a lesão)
  • Úlceras
  • Choque.

A fisioterapia terá que ser intensa e iniciar já no hospital estendendo até à casa e convívio deste paciente. O principal objetivo será ajudar o paciente e sua família a lidar com a nova condição física do mesmo e ensina-lo a usar estratégias que lhe devolvam sua maior independência em casa, no trabalho e lazer. Mobilidade, alongamento, força, equilíbrio e independência funcional serão os norteadores do tratamento. Prevenção de doenças respiratórias e problemas vasculares também tem que ser abordados durante o tratamento, bem como possíveis disfunções sexuais e urinárias.

Prevenir-se contra acidentes e usar equipamentos de segurança ajudam na prevenção de lesões na medula espinhal, como usar cinto de segurança, capacetes e outras partes que sejam essenciais – a depender da atividade que está sendo realizada.

Evitar o consumo de bebidas alcóolicas antes de dirigir, por exemplo, é uma boa medida de prevenção. Não mergulhar em piscinas, rios, lagos e afins em que não dê para determinar a profundidade das águas também é recomendável, já que mergulhos em águas raras são uma das maiores causas de traumatismo na região da medula espinhal.


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