11 principais problemas neurológicos

Qual a diferença entre Fisiatria e Fisioterapia?

A neurologia talvez seja uma das especialidades mais complexas da medicina. Se não a mais difícil, é desafiadora e tem particularidades muito especiais. Além de uma série de diagnósticos primariamente neurológicos, a neurologia ainda tem uma interface com inúmeras outras especialidades: psiquiatria, endocrinologia, otorrinolaringologia, cardiologia, reumatologia, hematologia, dermatologia, etc.

Veja os 11 principais problemas, que podem estar interligados com outras especialidades.
  1. Doença de Alzheimer e outras demências
  2. Doença de Parkinson
  3. Cirurgia para Doença de Parkinson
  4. Dores de cabeça (cefaleias)
  5. Acidente Vascular Cerebral (AVC)
  6. Transtornos do sono (insônia, síndrome das pernas inquietas e apneia do sono)
  7. Epilepsias (convulsões)
  8. Esclerose Múltipla
  9. Miopatias (problemas musculares)
  10. Neuropatias (problemas de nervos periféricos)
  11. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade em adultos

1. Doença de Alzheimer e outras demências

Assim como a população mundial, os brasileiros estão envelhecendo. O impacto disso é que estaremos cada vez mais diante da difícil situação entre “perda de memória” relacionada ao processo normal de envelhecimento e “perda de memória” associada a doenças neurológicas degenerativas como, por exemplo, a doença de Alzheimer. De fato, a idade é considerada o fator de risco predominante não modificável para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, a principal doença neurodegenerativa em nosso meio e que afeta significativamente não só o paciente, mas toda a família, tanto do ponto de vista social quanto psicológico e econômico. Assim sendo, é fundamental que o neurologista saiba distinguir prontamente a perda de memória relacionada à idade da perda de memória associada, por exemplo, à doença de Alzheimer. Embora ainda não exista um tratamento definitivo, a qualidade de vida e as atividades diárias melhoram significativamente quando se faz o diagnóstico precoce e o paciente recebe o devido tratamento.


2. Doença de Parkinson

Considerada a segunda doença neurodegenerativa mais comum, o Parkinson afeta uma em cada 100 pessoas acima dos 65 anos. Seu sintoma mais comum é o tremor, embora haja outros sinais até mesmo mais típicos, como a lentidão dos movimentos. Entre todas as doenças neurodegenerativas, a doença de Parkinson é, sem dúvida, a que conta com o mais amplo arsenal terapêutico, incluindo desde o tratamento com medicações até cirurgia. Quanto antes o tratamento for iniciado, mais recompensador será para o paciente, seus familiares ou cuidadores. Deve-se, contudo, prestar atenção a uma série de diagnósticos diferenciais que podem se “confundir” com a doença de Parkinson. Cabe ao neurologista perspicaz fazer essa distinção.


3. Cirurgia para Doença de Parkinson

Lentidão de movimentos, rigidez muscular, tremores e alterações no equilíbrio são os principais sintomas da doença de Parkinson, doença degenerativa que acomete cerca de 200.000 brasileiros. Felizmente, a grande maioria dos casos apresenta boa resposta às medicações, em particular, aquelas que repõem dopamina (levodopa e agonistas dopaminérgicos), principal substância que diminui no cérebro desses pacientes, levando aos sintomas motores.


4. Dores de Cabeça (cefaleias)

Quem nunca sentiu dor de cabeça? Na verdade, apenas um grupo seleto de menos de 5% da população do nosso País. Estima-se que a maioria dos brasileiros tem ou terá pelo menos um episódio de dor de cabeça ao longo da vida. A verdade, porém, é que muitos acabam desenvolvendo o que chamamos de “cefaleia crônica”, sintoma que muitas vezes ocorre quase todos os dias ou até mesmo diariamente. A boa notícia é que hoje, o neurologista trata esse problema com um amplo arsenal de recursos disponíveis, tais como medicações preventivas (que evitam que a pessoa tenha dor) e, em casos mais específicos, com toxina botulínica.


5. Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de sequelas e morte entre todas as doenças neurológicas. Muito frequente em nosso meio, especialmente em um País onde a quantidade de pessoas com pressão alta, diabetes e tabagismo é significativa, cabe ao neurologista reconhecer os sintomas do AVC, geralmente de instalação súbita (perda da fala, visão, sensibilidade ou força), tratá-lo rapidamente, prevenir sequelas e iniciar prontamente um trabalho de reabilitação.


6. Transtornos do Sono (insônia, síndrome das pernas inquietas e apneia do sono)

Imaginar um longo dia de trabalho pela frente sem conseguir dormir adequadamente à noite é um problema que afeta milhares de brasileiros todos os dias. Problemas de sono como insônia, síndrome das pernas inquietas e apneia do sono interferem de maneira significativa na qualidade de vida e estão certamente entre as principais causas de baixa produtividade. Além disso, muitas vezes são sequer reconhecidos como um “problema” e passam despercebidos pelos pacientes e seus médicos. Cabe então ao neurologista atento perceber que, muitas vezes, aquela pessoa com queixas frequentes de memória, atenção, dores de cabeça, mau humor, etc. tem, na verdade, um problema de sono, como insônia crônica ou apneia de sono, para a partir daí oferecer o tratamento mais adequado para cada situação. Nesse sentido, é gratificante ouvir pacientes e cônjuges falando sobre a satisfação de voltar a ter uma “noite tranquila de sono”.


7. Epilepsias (Convulsões)

Infelizmente, ainda há muito estigma quanto à epilepsia, um problema neurológico muito comum em crianças e adolescentes e que também afeta inúmeros adultos no Brasil. Isso precisa mudar e, hoje, até a legislação brasileira tem caminhado na direção de cada vez mais incluir o portador de epilepsia na sociedade. Assim sendo, foi-se o tempo em que não se podia fazer isso ou aquilo. O epiléptico bem controlado, que toma a sua medicação regularmente e faz o devido acompanhamento com seu neurologista tem hoje exatamente os mesmos direitos e deveres que qualquer cidadão brasileiro, ou seja, não é diferente de ninguém. Cabe ao neurologista, portanto, auxiliar o seu paciente e engajá-lo em um tratamento responsável e de longo prazo, proporcionando um ciclo virtuoso livre de crises, além de estabelecer metas e prazos para os indivíduos cuja medicação poderá vir a ser retirada.


8. Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla pode ter uma apresentação clínica muito variada, com sintomas neurológicos recorrentes que podem “melhorar” por si só com o tempo (perda da visão, alteração de sensibilidade, dificuldade para caminhar, etc.). Ocorre normalmente em mulheres jovens, entre os 20 e 35 anos, sendo um problema relativamente comum que leva os pacientes a procurarem a opinião de um neurologista. O primeiro cuidado necessário com a esclerose múltipla é saber que existem diversas outras doenças neurológicas e não neurológicas que se “confundem” com ela. Dessa forma, cabe ao neurologista buscar a melhor explicação possível para o problema do paciente. Mais recentemente, tornou-se disponível, inclusive no Brasil, formulação oral (através de comprimidos) para o tratamento imunomodulador, além disso, existem hoje diversos tratamentos disponíveis para a esclerose múltipla, entre os quais injeções (subcutâneas) e suporte para o paciente oferecido por laboratórios, que disponibilizam enfermeiras para irem à casa do paciente para ensinar como aplicar as injeções e como lidar com os possíveis efeitos colaterais, entre outros. Mais recentemente, tornou-se disponível, inclusive no Brasil, formulação oral (através de comprimidos) para o tratamento imunomodulador. O neurologista determina o correto diagnóstico e tratamento e orienta pessoas próximas ou cuidadores do paciente sobre como oferecer o suporte mais adequado.


9. Miopatias (problemas musculares)

As miopatias, que são doenças estritamente relacionadas aos músculos, não são comuns no dia-a-dia do clínico geral ou mesmo do neurologista geral. Isso acaba se tornando um problema porque passam despercebidas. Assim sendo, cabe ao neurologista atento verificar se muitas queixas de cansaço, fadiga, desempenho físico ruim, especialmente no caso de esses sintomas “flutuarem” ao longo do dia, são na verdade um problema relacionado aos músculos, ou mais especificamente, à junção neuromuscular. Entre os problemas mais comuns ligados à essa condição está a miastenia gravis, doença da junção neuromuscular que tem tratamento, mas que, quando não reconhecida, leva o doente a vivenciar várias dificuldades em suas tarefas diárias. Entre os sintomas mais comuns, estão: queda da pálpebra de uma lado, fraqueza nas pernas e braços, dificuldade para falar, engolir e, em casos mais graves, até para respirar. É fundamental perceber que muitas vezes a “pista” para o diagnóstico vem do caráter “flutuante” dos sintomas, ou seja, o paciente diz ao neurologista que acordou bem e que ao final da tarde, por exemplo, a pálpebra do olho esquerdo estava caída.


10. Neuropatias (problemas de nervos periféricos)

Os problemas relacionados aos nervos periféricos ou neuropatias em geral levam os pacientes a reclamarem de desconforto nos pés ou nas mãos, que pode ser sentidos na forma de falta de sensibilidade (hipoestesia) ou alteração na percepção da sensibilidade, como formigamentos (parestesias), estímulos não dolorosos que passam a doer (alodínea) e dor desproporcional ao estímulo realizado (hiperestesia), entre outros. Esses sintomas são bastante desconfortáveis e muitos pacientes acabam passando longos períodos, às vezes anos, sem um diagnóstico. Na verdade, a principal causa de neuropatia periférica em nosso meio está relacionada ao diabetes ou à neuropatia diabética. Independentemente da causa, que deve ser pesquisada, cabe ao neurologista oferecer um tratamento capaz de aliviar os sintomas da doença e proporcionar um período de alívio e esperança o mais longo possível.

11. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade em adultos

Por incrível que pareça, o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDHA), uma angústia enorme para os pais e professores na idade infantil, é muito comum na vida adulta. E isso não acontece porque a doença tem início após os 30 anos. Infelizmente, ocorre pela falta de um diagnóstico mais precoce e porque esses pacientes acabam “convivendo” com problemas de atenção, memória, inquietude e falta de foco em suas atividades e projetos durante boa parte da fase adulta até que o diagnóstico de TDAH é finalmente estabelecido e o tratamento iniciado. A partir daí, é comum o neurologista ouvir, entre outras declarações, que a vida se tornou melhor depois de o paciente e seus familiares e amigos “entenderem” o problema. O passo seguinte requer uma série de medidas terapêuticas com e sem medicação para proporcionar alívio dos sintomas.

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