Fisioterapeutas usam método TheraSuit para doenças neurológicas









Eles só não conseguem ter os mesmos movimentos que boa parte das pessoas. No entanto, são tão sensíveis ou mais do que aqueles cujos movimentos são perfeitos. São crianças e adultos, vítimas de doenças neurológicas que afeta a capacidade de movimento e equilíbrio. A boa notícia é que acaba de chegar a Rio Preto uma nova terapia, denominada TheraSuit, que promete estimulá-los a ponto de recuperar se não todos os movimentos e o equilíbrio, com certeza, boa parte deles.

As responsáveis por trazerem a técnica para a cidade são as fisioterapeutas Marita Siscão e Ana Carla Braccialli, da Interviva Clínicas, ambas integrantes da equipe da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Elas também têm experiência clínica na área de fisioterapia em neurologia e formação no método TheraSuit básico e avançado, com a criadora da técnica, a fisioterapeuta Izabela Koscielny.

O método foi criado em Michigan, nos Estados Unidos. Ao lado do marido, Richard Koscielny, Izabela buscava uma alternativa para auxiliar a filha a se locomover, uma vez que era vítima de paralisia cerebral. O TheraSuit reúne uma série de intervenções. De acordo com as fisioterapeutas rio-pretenses, a proposta do tratamento é, por meio da estimulação intensa, recuperar o aprendizado sobre determinadas habilidades motoras que, por falta de uso, ficaram esquecidas. "Por isso, é preciso que eles façam por quatro semanas seguidas e deem um descanso de até três meses para voltar para segunda fase de atividades", explica Marita.

Conceito

As peças utilizadas na composição do TheraSuit foram desenvolvidas por pesquisadores russos, para serem usadas por astronautas. Por conta da ação da gravidade, alguns deles sofriam de atrofia muscular, de osteoporose e de outros problemas de saúde, que levam à perda de movimentos.

Com isso, o casal Kosci-elny reuniu o conhecimento que tinha na área de fisioterapia para dar vida ao programa, baseado não apenas em exercícios, mas também em uma veste especial (uma gaiola e uma espécie de teia), a que chamam de aranha.

Segundo a fisioterapeuta Marina Junqueira Airoldi, da Clínica Therapies, de Campinas, que ministrou palestra sobre métodos intensivos de reabilitação TheraSuit, no 21º Congresso da Associação Brasileira de Neurologia Infantil, em 2011, o progresso das evidências científicas associado à melhora significativa dos pacientes com distúrbios neurológicos que optaram por esse tratamento faz dessa técnica a primeira escolha entre os pacientes norte-americanos.

Contudo, a equipe da clínica, que foi toda treinada em Michigan, reforça a importância de o tratamento ser realizado por profissionais treinados no método, a fim de que possam proporcionar o melhor tratamento para o paciente. Marita observa que o objetivo principal é melhorar e mudar a pressão das articulações, dos ligamentos e dos músculos (propriocepção), além de reduzir posturas específicas, mantidas pelo paciente em função da doença, e de restaurar sinergias musculares fisiológicas (padrões adequados de movimento).

"Facilita o alinhamento contra a ação da força da gravidade e permite interromper as informações incorretas pelo mau alinhamento, que gera um ciclo vicioso, substituindo por 'nova' informação correta", ressalta Marita.

Guilherme Baffi
Estrutura Spider ajuda Irene Jucá a ficar de pé e a se movimentar
Distrofia muscular afeta mais meninos

Dentre as inúmeras formas de doenças que podem afetar os movimentos, está a distrofia muscular. O mal, considerado raro, costuma afetar os meninos.
A distrofia provém da hereditariedade e degenera a membrana muscular, afetando os músculos e causando fraqueza. Segundo o patologista neuromuscular Beny Schmidt, chefe do laboratório de patologia neuromuscular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as distrofias musculares comprometem, em primeiro lugar, a musculatura do corpo.

São mais de trinta tipos de distrofias musculares já identificadas, sendo o Duchenne o mais comum, uma vez que chega a afetar uma criança a cada 3,5 mil nascidos vivos, segundo a Associação Brasileira de Distrofia Muscular. De acordo com Schmidt, os sintomas da distrofia começam a aparecer por volta dos 3 anos e são percebidos por quedas e dificuldades de locomoção.

As crianças com o tipo Duchenne geralmente perdem a capacidade de andar aos 12 anos. O tipo Becker tem desenvolvimento mais tardio e evolução lenta, incidindo em um a cada 30 mil nascimentos.O médico lembra que a distrofia muscular ocorre, em 99% dos casos, em meninos, pois é causada por uma mutação no cromossomo sexual X. Como as mulheres possuem dois cromossomos X, o sem defeito pode anular as seqüelas da mutação do outro. Já os meninos possuem um cromossomo X e outro Y, por isso estão mais suscetíveis.

Depoimento

A professora aposentada Irene Andrea da Silva Jucá, de 41 anos, conta que está com esclerose múltipla e há algum tempo já não conseguia mais ter equilíbrio ou se movimentar. Algo que mudou completamente após ter feito uma sequência de quatro semanas de tratamento com o TheraSuit. "Agora consigo levantar e sentar com facilidade, já caminho trechos muito mais longos que antes, ando até uns cem metros. E até já subo as escadas do sobrado onde moro, algo que não fazia mais sozinha", diz.







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