Esclerose Multipla não é só doença de idoso








Em comemoração ao Dia Nacional da Esclerose Múltipla o Ibope fez uma pesquisa com mais de mil pessoas no país para investigar o conhecimento da população sobre a doença. Cerca de 70% dos brasileiros acreditam que a esclerose múltipla atinge mais idosos, apesar de saberem (em sua grande maioria) que esclerose e esclerose múltipla são doenças diferentes.

Apesar da percepção geral, a esclerose múltipla é mais comum em mulheres (duas para cada homem) entre 20 e 40 anos. São aproximadamente 2,5 milhões de pacientes em todo o mundo com a doença e mais de 30 mil no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM).

"A esclerose múltipla (EM) é uma doença auto imune. O corpo reconhece a bainha de mielina (estrutura que envolve o neurônio, facilitando a transmissão dos impulsos nervosos) como agressora e passa a atacá-la", explica Rodrigo Barbosa Thomaz, médico neurologista do Catem (Centro de Atendimento e Tratamento da Esclerose Múltipla) da Santa Casa de São Paulo. A EM evolui para incapacidade física, fadiga e déficit cognitivo.

A doença crônica atinge o sistema nervoso central e não tem cura. Segundo a pesquisa, 60% das pessoas já ouviram falar de esclerose múltipla, destas 58% acreditam que a doença não tenha cura, mas na população em geral o número cai para 46%.

Sintomas

"O importante é a pessoa procurar ou ser encaminhada a um neurologista quando os primeiros sintomas aparecerem, como formigamento nos braços e/ou pernas que duram dias, embaçamento visual, diminuição de visão geralmente de apenas um olho e tonturas recorrentes", diz Thomaz. Fadiga e urgência urinária também são sintomas.

Ainda de acordo com a pesquisa do Ibope, a maioria da população não sabe que especialidade médica é a responsável por tratar da EM e, por isto, acaba demorando a ter o diagnóstico da doença.

Por meio de ressonância magnética, o neurologista consegue ver alterações na bainha que indicam a EM e assim pode controlar os danos precocemente. Os sintomas são decorrentes do local onde a lesão acontece. Se ocorrer no lobo temporal, por exemplo, a pessoa sente dificuldades para falar; se ocorre na medula, pode alterar a motricidade (capacidade das células nervosas de determinar a contração muscular) e a sensibilidade.

"A maioria dos pacientes poderá viver por mais de 15 anos sem sintomas importantes, trabalhando ou estudando normalmente", afirma Marcos Alvarenga, neurologista do Centro de Referência para o Tratamento da Esclerose Múltipla do Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro.

Tratamento

"A vida sofre um impacto ao descobrir a doença que é imprevisível. A pessoa pode apresentar um sintoma e melhorar. Nos primeiros cinco anos é comum ter surtos e a bainha regenerar, mas depois não tem uma recuperação espontânea, e o paciente vai acumulando dificuldades de equilíbrio, movimento", conta Thomaz.

O tratamento ajuda a evitar os surtos e suas conseqüências. Existem três frentes de medicamentos: um com imunomoduladores para a própria doença, outro com corticóides nos momentos de surto e o tratamento dos sintomas.

Por conta dos surtos há diminuição de força e rigidez muscular. Surgem problemas de incontinência urinária, tontura, fraqueza e cansaço inexplicável.

"Os remédios são capazes de diminuir as lesões em 40% das pessoas e controlam os surtos em 70%", diz Thomaz.  O médico indica que 50% dos pacientes sem tratamento terão alguma dificuldade para andar em 15 anos.

Segundo José Carlos Truzzi , doutor em urologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cerca de 90% dos pacientes com EM têm disfunção urinária. "Um grande número de portadores da doença terá suas atividades limitadas de modo mais intenso pelos transtornos urinários do que pela doença neurológica em si". 

Para o especialista, o problema é, indiscutivelmente, o maior impacto social para o portador da doença. "O receio de perder urina e o transtorno provocado pelo odor fazem com que os problemas se multipliquem, sem contar a limitação imposta pela própria doença. Além disso, restringe as atividades profissionais, diminui a qualidade de vida, comprometendo, inclusive, o relacionamento sexual". Apesar disto, já existem tratamentos para controlar os sintomas.


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