Sistema sensitivo e a fisioterapia


Para Denis (1989) a sensibilidade do corpo baseia-se primeiramente na ativação de determinadas terminações nervosas (receptores), distribuídos na pele, e em estruturas profundas, músculos, vasos e vísceras.

Os receptores são órgãos sensoriais especializados , que transformam o estimulo mecânico, térmico, químico ou elétrico em mensagens aferentes. Conforme suas funções, podem ser classificadas em exteroceptivas, proprioceptivas e êntero ou interoceptivas.

Os exteroceptores são destinados a informar ao corpo sobre o que se passa no meio ambiente, como dor superficial, frio, calor e tato.

Os proprioceptores transmitem a sensibilidade cinética, postural, barestesia, dor profunda e vibratória. Fornecem informações sobre a posição e os movimentos da cabeça no espaço, estado de tensão de músculos e tendões, posição da articulação, força muscular e outros movimentos e posições do corpo.

Êntero e interoceptores: os viscerorreceptores informam o que se passa dentro do organismo. Os receptores cutâneos dividem-se em receptores táteis ou mecanorreceptores (tato e pressão), termorreceptores (calor e frio) e nociorreceptores (dor).

Vias Aferentes

Para Machado, são considerados como cadeias neuronais que ligam os receptores ao córtex. No caso das vias inconscientes, as cadeias são constituídas por dois neurônios; já nas vias conscientes esses neurônios são geralmente três, com os seguintes princípios gerais:

Neurônio I - localiza-se fora do SNC em um neurônio sensitivo pseudo-unipolar, que se bifurca, dando um prolongamento periférico que se liga ao receptor, e um central que se liga ao SNC.

Neurônio II - localiza-se no corno posterior da medula.
Origina axônios que cruzam medialmente a substância cinzenta para formar um tracto ou lemnisco.

Neurônio III - localiza-se no tálamo e origina um axônio que chega ao córtex cerebral.

As vias aferentes são:

- Via da temperatura e da dor (feixe espinotalâmico lateral);

- Via da pressão e tato protopático (feixe espinotalâmico anterior);

- Via de propriocepção consciente e tato epicrítico (feixe espinocerebelar
posterior).

Sensibilidade

Segundo Dassem e Fustinoni (1955), a sensibilidade constitui uma das grandes funções SN, por meio da qual o organismo adquire o conhecimento das modificações do meio que o cerca, sua própria atividade e dos fatores nocivos que passam a prejudicá-lo.

Os estímulos de natureza variada impressionam os órgãos receptores distintos, ocorre um reconhecimento e discriminação. Portanto, o estímulo impressiona o órgão receptor determinando o fenômeno da sensação.
São várias formas de sensibilidade consciente ou sentido, como:

a) Sensibilidade da pele;

b) Sensibilidade muscular e óssea;

c) Sensibilidade do olho, ouvido, equilíbrio, olfato e gustação.

As terminações nervosas podem ser sensitivas ou aferentes (receptores) e motoras ou eferentes.

Com a estimulação das terminações nervosas temos impulsos nervosos que chegam ao SNC sendo interpretados resultando em diferentes formas de sensibilidade.

As terminações nervosas motoras estão localizadas na porção terminal das fibras eferentes, ligando o órgão efetor a músculos e glândulas.

Terminações nervosas sensitivas (receptor):

Os receptores apresentam dois grandes grupos:

a) Receptores especiais de que fazem parte os órgãos especiais dos sentidos: visão, audição, equilíbrio, gustação e olfação. Estão localizados na cabeça;

b) Receptores gerais localizados em todo o corpo. São classificados em livres e encapsulados.

As terminações nervosas livres são responsáveis pelos impulsos dolorosos.

As principais terminações nervosas encapsuladas são:

- Corpúsculos de Meissner: órgãos do tato, localizados nas pupilas dérmicas.

- Corpúsculos de Vater-Paccini: localizado no tecido subcutâneo das mãos e pés, etc. Está relacionado com a percepção da pressão.

- Corpúsculo de Ruffini: receptor do calor.

- Corpúsculos de Krause: receptores do frio, localizados na derme, conjuntiva.

- Fusos neuromusculares: localizados nos ventres musculares dos músculos estriados esqueléticos.

- Órgãos neuro-tendinosos de Golgi: encontrados nas funções dos músculos estriados como seu tendão. São ativados quando ocorre estiramento do tendão.

TIPOS DE SENSIBILIDADE

a) Sensibilidade da pele ou superficial consciente. Compreende a sensibilidade tátil, térmica e dolorosa. As sensações são originadas pela ação do estímulo sobre a pele excitação de um receptor ou órgão sensorial.

- Sensibilidade protopática: é a mais primitiva e difusa, responde a todos os estímulos cutâneos dolorosos, ao calor e frio. O indivíduo não localiza com exatidão o local do estímulo e não o discrimina. É o primeiro tipo de sensibilidade que aparece quando da regeneração de um nervo sensitivo-cutâneo seccionado.

- Sensibilidade específica: a discriminação é mais fina, com localização precisa. Aparece mais tarde quando da regeneração do nervo.

Compreende a sensibilidade tátil, térmica, alterações leves de temperatura com poder de localização e discriminação.

b) Sensibilidade muscular e óssea ou profunda consciente. Engloba os diferentes tipos de sensibilidade, como:

- Sensibilidade ou sentido de pressão ou barestesia; apreciação de peso ou pressão sobre partes do corpo.

- Sensibilidade vibratória ou palestesia: sensibilidade dos 05505 ou periósteo a estímulos vibratórios.

- Sensibilidade das atitudes segmentares ou batiestesia: consciência exata da posição das partes do corpo e relação de uma parte com a outra.

b.1- Sensibilidade geral proprioceptiva articular: durante os movimentos das articulações as cápsulas articulares sofrem compreensão ou distensão. Na cápsula articular encontramos receptores de Ruffini e de Golgi, fornecendo informações, como a posição da articulação, direção e velocidade dos movimentos articulares posturais e/ou cinestésicas.

b.2- Sensibilidade geral proprioceptiva músculo-tendinosa: interfere na regulação do tônus, postura, equilíbrio estático e dinâmico e também na coordenação dos movimentos.

c) Sentido esteriognóstico / estereognosia: possibilita ao indivíduo o reconhecimento de um objeto pela sensibilidade tátil, térmica, barestesia, estabelecendo a forma, contorno e estado dos objetos.

d) Sensibilidade visceral: tipo doloroso, localizado em certos órgãos, como bexiga, testículos, seios e globo ocular.

EXPLORAÇÃO DA SENSIBILIDADE

Para Dossen e Fustinoni (1955), antes de ser realizada a exploração da sensibilidade subjetiva da objetiva.

A sensibilidade subjetiva é manifesta espontaneamente e explorada por anamnese.

A objetiva é a que se pode determinar por diferentes técnicas:

- Exploração da sensibilidade profunda;

a) Exploração da sensibilidade à pressão (barestesia): fazer pressão sobre pontos distintos do corpo com a polpa dos dedos.

b) Exploração da sensibilidade vibratória (parestesia): uso do diapasão aplicado sobre a superfície óssea.

c) Exploração da sensibilidade das atitudes segmentares (batiestesia): equivale à sensibilidade articular e muscular. E testada realizando movimentos passivos de uma articulação em diferentes direções, após estabiliza-se e o paciente deve descrever, com reprodução do movimento com a articulação oposta.

d) Exploração da sensibilidade dolorosa profunda: sensibilidade dos músculos, tendões, com a compressão profunda. Consiste em comprimir com a mão as massas musculares, ou beliscar os tendões acessíveis.

- Exploração da sensibilidade superficial e profunda (esterognosia): é explorada sem que o paciente olhe, colocando na palma da mão objetos dos quais ele deve reconhecer e mover entre os dedos, caracterizando quanto ao tamanho, forma, consistência e nome.

Testes de sensibilidade nos diferentes segmentos do corpo:

Segundo Hoppenfield (1987), deve-se identificar os dermátomos por níveis neurológicos, testados bilateralmente para comparação, determinando o número de dermátomos compreendidos. Testa-se espetando com alfinete cada dermátomo, perguntando a sensação do paciente.

Fonte


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