Coordenação motora e o idoso







A coordenação motora, segundo Rauchbach (1990), é a base do movimento homogêneo e eficiente, que exige uma extensa organização do sistema nervoso, com utilização dos músculos certos, no tempo certo e intensidade correta, sem gastos energéticos.

É comum ouvir-se dizer que determinadas pessoas são descoordenadas e até desajeitadas, pois, quando solicitadas, suas respostas psicomotoras a alguns movimentos não correspondem ou são executados de forma inadequada.

A coordenação psicomotora ou neuromuscular se faz presente e é necessária em todos os movimentos que as pessoas fazem, variando apenas no grau de solicitação. Quanto melhor for a qualidade da coordenação, tanto mais fácil e precisamente será realizado o movimento. A realização do movimento torna-se mais flexível e econômica, de modo que decresce o consumo energético e, consequentemente, a capacidade máxima de oxigênio cresce em relação a uma determinada solicitação muscular, baixando, simultaneamente, o nível de fadiga (Hollmann apud Silva, 1998).

Segundo Van Norman (apud Silva, 1998), a coordenação pode ser trabalhada com seqüências de movimentos e uma infindável variedade de combinações de braços e pernas. Esta desempenha um papel fundamental na prevenção de acidentes e pode deteriorar-se rapidamente se não exercitada. Quanto mais complicado o desempenho motor, tanto maior será a importância da coordenação. Seu aperfeiçoamento, através da repetição, transformará um acontecimento consciente, ligado ao córtex cerebral, em um processo de evolução inconsciente, cuja automotricidade está entregue aos centros cerebrais secundários. Desse modo, o córtex é aliviado por um lado, e por outro, a realização de movimentos passa a ser dominada com mais segurança e exatidão do que anteriormente. O desenvolvimento da coordenação resulta em maior precisão de movimento e maior economia de esforço muscular porque há menor atividade muscular extrínseca. A precisão do movimento depende de inibição ativa de todos os neurônios motores, exceto os envolvidos no movimento desejado.

A coordenação motora tem atributos que permitem que o corpo tenha uma estrutura autônoma, ou seja, encontra em si mesmo sua organização. É como elemento autônomo que ele entra em interação com o meio externo (Piret & Béziers, 1992).

Hollmann (apud Silva, 1988), faz uma classificação, quanto ao tipo da coordenação:

Coordenação intramuscular: cooperação neuromuscular;

Coordenação intermuscular: cooperação de diversos músculos;

Coordenação motora-fina: harmonia e precisão dos movimentos finos dos músculos das mãos, pés e rosto, ou coordenação dos músculos pequenos para atividades finas;

Coordenação visio-motora: coordenação de movimentos que são orientados pela visão, associada a outras habilidades. Exemplos: olho- mão, olho- pés.

À medida que os anos tardios da vida se aproximam, há um declínio marcante nas capacidades físicas devido à crescente diminuição do rendimento motor, que variam de pessoa para pessoa, conseqüentes das inúmeras alterações do organismo humano no decorrer do processo de envelhecimento, vistas anteriormente neste estudo.

Portanto, a eficiência da coordenação motora também é comprometida, podendo até mesmo deteriorar-se se não for exercitada.


A coordenação motora e o idoso

Os exercícios físicos funcionam como recursos poderosos contra o envelhecimento do corpo e da mente, eles retomam a auto-estima. As pessoas idosas beneficiam-se de uma forma geral, especialmente com exercícios para melhoria da postura, mobilidade e eutonização da musculatura, respiração e resistência, aumento dos reflexos, da coordenação e equilíbrio. Assim sendo, a coordenação motora deve estar dentre os principais fatores a serem trabalhados num programa de atividade física dirigido para o idoso.

Dentre os vários tipos de coordenação, a óculo-manual é particularmente importante na vida dos idosos, pois as funções sensoriais são as mais afetadas pelo processo de envelhecimento, levando a um declínio da visão causado pela deteriorização da córnea, da lente, da retina e do nervo óptico e, também, de uma falta de firmeza das mãos e pernas. Assim, tarefas como: abotoar as próprias roupas, escrever, digitar, cortar com faca, manipular uma agulha ou alfinete, discar número de telefone, requerem um certo nível desse tipo de coordenação para o indivíduo levar uma vida independente (Rauchbach, 1990).

Os exercícios de coordenação que devem ser trabalhados com os idosos devem visar os padrões de movimentos da vida diária (é bom lembrar que pensando nisso é que o Projeto de Extensão Universitária, "Atividade Física na Terceira Idade", escolheu o Teste de Coordenação utilizado por eles e que será mostrado e analisado detalhadamente por este estudo), não sendo necessários jogos de movimentos complexos que causam desconforto pela dificuldade na execução. Opta-se então, por movimentos coordenados de braços e pernas, mão e mão, mão e pés, educando dessa forma, a ação reflexa dos movimentos nas ações do dia-a-dia.

Alguns exemplos de exercícios que podem ser trabalhados são: marchar em diferentes formas, com joelhos altos ou pernas esticadas, para frente, para os lados e para trás, variando os movimentos dos braços, em um determinado ritmo ou livremente (maneira mais fácil de desenvolver os movimentos coordenativos nos idosos). Pode-se trabalhar também com movimentos coordenativos isolados, movimentos só de braços ou só de pernas, mas o idoso leva mais tempo para assimilar e o professor deve ser paciente para não desmotivar (Piret & Béziers, 1992).

Fonte
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